sexta-feira 24, outubro 2025

A nova métrica da retenção: tempo ou qualidade da experiência?

Recentemente, ouvi um comentário de um CEO de uma grande corporação que me fez refletir profundamente: “Hoje, quando um profissional fica três anos na empresa, já ficou muito.”

Essa fala me provocou uma pergunta inevitável: afinal, qual é a métrica para reter talentos hoje?

Durante muito tempo, permanência foi sinônimo de sucesso. Profissionais que ficavam 10, 15 ou até 20 anos em uma mesma organização eram vistos como fiéis, engajados e comprometidos. As empresas, por sua vez, entendiam essa estabilidade como uma prova de que estavam fazendo a coisa certa na gestão de pessoas.

Mas o mundo mudou. A volatilidade, que já era marca registrada dos negócios, passou a ser também do capital humano. Profissionais se movem em busca de propósito, aprendizado, qualidade de vida e desafios que os mantenham em constante evolução. O tempo de permanência deixou de ser, por si só, um indicador de satisfação ou de boa gestão.

E aqui surge a grande reflexão: será que essa volatilidade é saudável para os negócios e para as pessoas?

Para as empresas, a rotatividade traz custos altos: perda de conhecimento, necessidade de constantes treinamentos e dificuldades para manter a cultura viva. 

Para os profissionais, a mudança frequente pode significar expansão de repertório e novas oportunidades, mas também instabilidade, rupturas de vínculos e, muitas vezes, sensação de não pertencimento.

Portanto, talvez seja hora de rever o que entendemos por “reter talentos”. Em vez de medir apenas o tempo que alguém permanece, precisamos olhar para a qualidade dessa experiência.

  • O quanto a empresa consegue proporcionar desenvolvimento real?
  • O quanto promove um ambiente de confiança e escuta?
  • O quanto consegue equilibrar resultados e bem-estar?

Talvez a métrica atual não seja mais quanto tempo o talento fica, mas sim o quanto ele cresce enquanto está ali.

Porque, no fim das contas, reter não significa prender. Significa criar condições para que a permanência faça sentido – tanto para o negócio quanto para a pessoa.

Por Tatiane Wiggers
Psicologia Organizacional
ConGer Contabilidade

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