Você já teve a sensação de falar, explicar, repetir, e ainda assim a pessoa entender outra coisa? Essa é uma das maiores armadilhas da comunicação: não ouvimos a mensagem em si, mas aquilo que nossas crenças permitem que chegue até nós.
A comunicação não acontece apenas entre quem fala e quem escuta. Ela passa por filtros invisíveis: experiências passadas, valores pessoais, preconceitos e até feridas emocionais. Isso significa que, por mais clara que seja a fala, ela pode ser distorcida pelo que o outro acredita ser verdade.
Um exemplo simples: ao receber um feedback no trabalho, alguém pode ouvir um convite para crescer, enquanto outra pessoa interpreta como uma crítica destrutiva. O que muda não são as palavras, mas as crenças que interpretam essas palavras.
E aqui mora a armadilha: acreditar que comunicação é apenas falar bem. Na prática, comunicar é alinhar significados.
Como sair dessas armadilhas?
- Cheque entendimentos – Perguntar “como você entendeu o que eu disse?” pode evitar ruídos e revelar interpretações distorcidas.
- Pratique a escuta ativa – Ouvir de verdade, sem preparar a resposta enquanto o outro fala, amplia a clareza.
- Reforce com exemplos e contextos – O cérebro entende melhor quando tem referências concretas.
- Trabalhe suas próprias crenças – Reconhecer os filtros pessoais é o primeiro passo para não distorcer o que chega até você.
E quando nada disso funciona?
Mesmo aplicando todas as boas práticas, pode ser que a mudança não aconteça. É nesse momento que entra o papel da autorresponsabilidade: compreender que a comunicação é uma via de mão dupla, mas que nem sempre teremos controle sobre o que o outro fará com a mensagem.
Ser autorresponsável significa assumir a parte que me cabe — expressar com clareza, ouvir com abertura, alinhar entendimentos — e também aceitar que a escolha de mudar ou não está no outro. Quando não há reciprocidade, insistir gera desgaste e frustração.
A autorresponsabilidade liberta, porque desloca o foco de “fazer o outro entender” para “garantir que eu comuniquei da melhor forma possível”. E a partir daí, a decisão já não é mais minha.
A boa comunicação não é ausência de ruídos, mas a capacidade de lidar com eles de forma consciente. Quanto mais entendemos que cada um ouve com seus filtros, mais preparados estamos para criar pontes em vez de muros.
Por Tatiane Wiggers
Psicologia Organizacional
ConGer Contabilidade

















